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Penso, logo existo. Pensamento crítico como ferramenta poderosa de mudança.

Penso, logo existo. Pensamento crítico como ferramenta poderosa de mudança.

Quando falamos em pensamento crítico uma das primeiras coisas que vem na cabeça é questionamento.
As definições de pensamento crítico são bem antigas e baseadas nos filósofos gregos Platão, Sócrates e Aristóteles. Provavelmente você conhece a palavra retórica. Pois bem, retórica é uma das principais teorias de Aristóteles, escrita no século XIV e em pouquíssimas palavras quer dizer a arte de falar e se expressar bem, de maneira convincente e persuasiva.
Esses pensadores são a fonte para definição mais atual de pensamento crítico.
“O pensamento crítico é entendido como a capacidade de analisar e avaliar a consistência dos raciocínios, especialmente daquelas afirmações que a sociedade aceita como verdadeira no contexto da vida cotidiana — como as fake news — particularmente relevantes atualmente pela sua proliferação e rápida viralizaçao” (fonte: site Iberdrola)

Temos opiniões sobre os assuntos cotidianos, sobre os temas que nos cercam, sobre valores, sobre questões de trabalho e da vida particular. Estas opiniões são formadas através das nossas vivências, estudos, experiências e educação.
Nossas opiniões são baseadas em premissas. Que tomamos como verdadeiras e guiam nossas atitudes e nosso discurso.
Falamos automaticamente sobre um assunto, qualquer que seja ele, baseado nas coisas que acreditamos como verdadeiras. Se estamos em uma roda de amigos e o assunto é “home office” por exemplo, claro que cada um ali terá um posicionamento sobre o tema. Tudo vai depender da sua vivência com a relação ao home office. Sobre as coisas que você estudou e conhece sobre o assunto. Várias opiniões podem surgir certo? Podemos concordar ou discordar uns com os outros.
Então, isso é pensar criticamente. Com acesso a várias informações, fontes e conhecimentos e experiência, cada um criou sua opinião sobre o tema. Não importa se o outro pensa diferente de mim. Não é por isso que você vai pensar como ele ou aceitar e acreditar no que ele está dizendo.


Pensamento crítico é oposto pensamento automático. Pensamento automático é pura economia cerebral. Pensar criticamente exige esforço, porque é prática e requerer gasto de energia consciente.
Pensar criticamente não é igual criticar, ser cético ou ser do contra.
Isso é amargura, chatice, coisa de gente que gosta de discordar somente para ser diferente.
A espinha dorsal do pensamento crítico é:
1º) Premissas: são as opiniões e conhecimentos já instituídos.
2º) Conclusões: após análise e avaliação do novo pensamento, há uma resolução, uma ação daquela análise.
3º) Argumentos: como a conclusão vai ser exposta. A forma como a ideia será devolvida.

Uma boa metáfora para o processo é a preparação de um bolo. Temos os ingredientes, temos que juntar, bater e colocar para assar, e por fim, confeitar e comer.
Antes de tudo, pensar criticamente é não aceitar como verdadeira qualquer informação que você acessa. Independente se ela é ou não alinhada com seu ponto de vista.
Ao pensar criticamente “introduzimos a suspeita” como muito bem definiu Mario Sergio Cortella.
É reflexão e análise.
Temos nossos posicionamentos e opiniões sobre algo baseado nas premissas que temos sobre aquele assunto.
Isso vai impactar diretamente na nossa vida, pois como nos posicionamos frente as questões sobre o mundo, norteia nosso caminho, nossas amizades, nossos pontos de vista.

Principal trabalho do pensamento crítico é avaliação de argumentos. Portanto, pessoas que pensam criticamente tem:
1) Escuta ativa. Ouve com atenção e curiosidade. Usa dessa habilidade para gerar informações e conhecimento
2) Mente aberta, são flexíveis e capazes de mudar de opinião diante de um bom argumento
3) Gostam de dados e evidências
4) São analíticos. Ponderam e avaliam as variáveis
5) Aceitam cenários diferentes
6) Não gostam de pré-conceitos
7) Não dependem de opiniões ou feedbacks alheios. Suas conclusões são pautadas na sua própria análise.

Por isso é muito importante o conhecimento. O estudo, a leitura e a escuta.
Imagine que você nunca tenha visto um cachorro na vida, nem ao vivo, foto, vídeo nada. Você não faz ideia do que seja. Se alguém chegasse para você e falasse: o cachorro é uma ferramenta utilizada para extrair pérola das conchas. Você poderia acreditar sem contestar, pois não possui nenhuma premissa sobre o tema, nenhum conceito formado sobre o assunto pois, não faz a mínima ideia do que seja um cachorro.
Assim são as informações que consumimos sem que tenhamos nenhum esquema mental prévio sobre elas. Acabamos por admitir que seja verdade o que a fonte está expondo.
Quanto mais coisas conhecemos, mais críticos nos tornamos.
Por isso, importante saber onde vamos nos pautar para criarmos nossos pontos de vista.
Importante ter muito cuidado com os algoritmos que fazem a gente ver e ler só o que é alinhado para gente. Ficamos vendo somente opiniões semelhantes e caímos na bolha do conhecimento.
Dificilmente iremos desenvolver a capacidade de pensar criticamente se não formos expostos a outras formas de pensar.
Pouco estimulado, fomos criados/educados para ficar dentro da caixa. A educação formal não incentiva, ou pelo menos, não incentivava o ato de questionar. Muito menos de errar.
No sistema educacional tradicional, só existe certo ou errado. E o certo é o que é dito pelas autoridades do modelo(livros e professores). O certo é repetir, ano após ano, a mesma matéria, com os métodos, mesmos materiais e mesma forma.
Isso se aplica também ao mercado de trabalho, que a partir da nova revolução industrial tende a mudar, mas que até então, valorizava e incentivava o trabalho operacional e repetitivo.

Uma cena clássica do cinema mundial que exemplifica bem essa frase está no filme Tempos Modernos, do genial Charles Chaplin, onde ele realiza um trabalho tão automático e controlado, que mesmo quando ele para de realizar a tarefa, seu corpo, involuntariamente, continua fazendo a mesma ação.
Porém, com a mudança do cenário atual e as novas necessidades do mercado, não cabe mais o “foi sempre feito assim”. As mudanças são tão disruptivas que os conceitos de que como algo vai ser feito, agora, tem que ser refeito. O pensamento crítico está na base da inovação. Não tem como mudar, sem questionar.
E ai, cabe o erro. Poder errar e reposicionar suas premissas. Existe uma máxima muito usada nas aceleradoras de startup que está sendo expandida para fora dos muros desse perfil de empresa que é: “erre, perceba o erro rápido e mude”.
O pensamento crítico é tão importante para o cenário atual que ficou em 2º lugar na lista de 2020 do Fórum Econômico Mundial. Para entendermos a importância e atual valorização desta competência, na lista anterior do fórum, em 2015, ela ficou em 15º lugar.
Isso demonstra mais claramente a mudança de mindset e a forma como as organizações e o mercado de trabalho vão lidar com esta habilidade.


Treinar pensamento crítico não é uma tarefa banal, mas é possível.

Comece com autoconhecimento. Uma busca sobre o que você pensa sobre variados assuntos. Faça uma lista e veja seu ponto de vista sobre os assuntos.
Para se questionar algo, antes é preciso saber o que de fato, você pensa sobre ele, correto?
Depois, converse/escute alguém que tenha uma ideia diferente da sua, mas que você tenha uma boa relação, uma admiração, uma empatia. Isso vai facilitar sua escuta ativa.
Depois analise todas as variáveis, pontos sim e não de cada argumento e tire suas conclusões.